Normalitas https://normalitas.blogfolha.uol.com.br Espanholices, maravilhas do ordinário, brotos de brócolis Sat, 04 Dec 2021 00:01:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Normalitas agora tem novo endereço na Folha https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/2021/12/03/normalitas-agora-tem-novo-endereco-na-folha/ https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/2021/12/03/normalitas-agora-tem-novo-endereco-na-folha/#respond Sat, 04 Dec 2021 00:01:00 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/?p=1193 Queridx leitor,

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Explosão de casos de Covid transforma Espanha em nova ‘zona de risco’ no contexto europeu https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/2021/07/09/explosao-de-casos-de-covid-transforma-espanha-em-nova-zona-de-risco-no-contexto-europeu/ https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/2021/07/09/explosao-de-casos-de-covid-transforma-espanha-em-nova-zona-de-risco-no-contexto-europeu/#respond Fri, 09 Jul 2021 18:13:24 +0000 https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/rambla-de-catalunya-Susana-Bragatto-julho-2021-baixa-res-300x215.jpg https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/?p=862 “Volta um dos clássicos do verão”, festeja a newsletter cultural que recebo no meu e-mail.

O texto se refere a um dos principais festivais de música de Barcelona, o Cruïlla (“encruzilhada” em catalão, uma referência à “vocação” do evento de promover “encontros”, segundo explica a página oficial), que, depois de um ano de pausa, acontece entre 8 e 10 de julho de 2021.

O evento, que recebe até 75 mil pessoas em cada edição, acontece ao mesmo tempo em que a Espanha, em questão de duas semanas, se transformou DE NOVO em um dos países com mais alta taxa de contágios da Europa, graças à expansão da variante Delta, sobretudo entre jovens.

Em outras palabras, num farfalhar de pestanas veranis, a Espanha passou a responder por quase 50% (4 de cada 10) contágios detectados no continente.

A Catalunha, com Barcelona como estrela, é de longe a província mais preocupante, com um vertiginoso salto de 150 casos a mais de mil por dia (ou 6 mil só na última segunda, 5 de julho) em apenas uma semana.

Os irlandeses do Two Door Cinema Club, parte da programação do festival Cruïlla, Barcelona, julho de 2021 (Divulgação)

Diante disso, nos últimos dias, França e Alemanha divulgaram notas oficiais recomendando a seus cidadãos que evitem a Espanha (e Portugal, outro país em que o bicho tá pegando) como destino turístico.

Too late. Já vejo turista estrangeiro saindo pelos tubos. Imagens de destinos overturísticos como Ibiza, Mallorca e Salou vêm circulando nas redes, mostrando multidões alegres se espremendo em ruas e butecos.

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Com a reabertura do ócio noturno no final de junho e a flexibilização das precauções sanitárias, como o uso obrigório da máscara nas ruas, a Espanha, segundo destino mais visitado do mundo, queria se preparar para a chegada dos turistas gringos em julho, principalmente britânicos, alemães e franceses, que costumam vir em massa nessa época.

O problema é que a reabilitação da vida cultural e noturna no país coincidiu com fatores explosivos: férias escolares, a chegada do verão… e a expansão da variante Delta, até 60% mais contagiosa que anteriores.

Embora a vacinação nacional esteja avançando (44,4% da população já recebeu o protocolo completo, e 58,2%, ao menos uma dose), o clima de já-ganhou levou a população a precocemente montar circo. Festa. Muitas.

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Ao contrário das outras quatro grandes ondas pandêmicas na Espanha, esta não é tão letal –foram registrados 16 falecimentos por Covid em todo o país nos últimos sete dias –, mas vem se expandindo muito rapidamente. O foco principal desta vez: jovens de até 30 anos.

Estes não são, em geral, hospitalizados, mas buscam os postos de saúde. Resultado: embora menos de 10% dos leitos de UTI do país estejam ocupados atualmente por pacientes críticos com Covid, o sistema de atenção primária de saúde está voltando a colapsar. Pra agravar o cenário, em plena época de férias, há até 50% menos cobertura de pessoal.

Fila para PCR em clínica de Barcelona, junho de 2021 (Susana Bragatto / Folhapress)

Alguns governos regionais vêm pedindo a volta de medidas restritivas como o toque de recolher, amparado pelo finado estado de emergência nacional.

O premiê Pedro Sánchez descarta voltar atrás no Grande Jogo dos Surtos Coronavíricos, argumentando que o “sistema descentralizado de saúde” espanhol está “nas mãos das comunidades [governos locais]”, as quais teriam ferramentas suficientes para agir. Por enquanto.

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Para sua primeira edição pós-Covid, o Cruïlla reduziu o lineup internacional em prol de uma programação mais local, ainda que contando, aqui e ali, com atrações extrafronteiras, como os irlandeses do Two Door Cinema Club e a franco-chilena Ana Tijoux.

Outra diferença em relação a anos anteriores é que, pra entrar, é necessário apresentar um teste negativo de antígenos, a ser comprado na própria página do festival por preços que variam entre 8,5 euros (R$53 para um teste) e 15 euros (R$ 93,63) para 3 testes, equivalentes aos três dias do festival.

Atualmente, qualquer evento com mais de 500 pessoas na Catalunha deve exigir do visitante teste negativo de antígenos, PCR negativa realizada até 12 horas antes ou certificado de vacinação completa. Sem isso, no fun.

No Cruïlla, o visitante ainda recebe de brinde uma máscara fpp2, aquela pró Super Maravilhosa Protetora dos Catarros e Respingos, que tanto faltou ao pessoal de saúde no auge da pandemia. Hooray!

No primeiro dia do festival, na última quinta (8), um batalhão de 300 profissionais contratados realizou 13 mil testes de antígenos, um feito estelar entre os festivais europeus, dentre os quais foram detectados cerca de 125 positivos. Entre eles, o vocalista da banda de abertura, Senyor Oca, substituída de última hora.

Tempos novos. Ou não. Ou mais ou menos. Num mundo colorido do arco-íris depois do pote de ouro do duende, e esquecendo um pouco do ambiente excepcionalmente controlado e fabuloso de um festival de música, gostaria de acreditar na colaboração de todos, mais do que em cagar regras over and over pra controlar a falta de responsabilidade e espírito de cooperação individual e coletivo. Seria este o último surto? Ou tô surtando eu?

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“Yo me quedo para siempre con mi reina y su bandera
Ya no hay fronteras
Me dejaré llevar
A ningún lugar”

(“No puedo vivir sin ti”, Coque Malla / Los Ronaldos)

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O que de verdade importa https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/2021/07/02/o-que-de-verdade-importa/ https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/2021/07/02/o-que-de-verdade-importa/#respond Fri, 02 Jul 2021 12:16:41 +0000 https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/vacinacao-julho21-barcelona-300x215.jpg https://normalitas.blogfolha.uol.com.br/?p=847 Hoje foi dia de vacina, bebê.

Com essa dose única da Pfizer, eu já posso pegar o meu “passaporte Covid”, aka certificado digital europeu, que me permite circular livremente dentro da União Europeia.

Na Espanha, os que passamos por Covid tomamos somente uma dose da vacina de mRNA (no meu caso, a Pfizer), e não duas, já que estudos internacionais indicam que a vantagem de um segundo shot para o desenvolvimento de anticorpos é desprezível.

Seria interessante que aí no Brazel liberassem também umas vacinas com este protocolo, não?

E, falando em Brazelzelzel: nesta última quinta (1), mesmo dia em que entrou em vigor o certificado digital na Europa, a Espanha anunciou que brasileiros seguirão sem poder entrar no país por mais um tempo.

Até pelo menos o próximo dia 20 de julho, brasileiros sem residência ou passaporte espanhol não poderão pisar no país, a não ser no eventual caso de escalas, e sem deixar o aeroporto.

“E quem tem família na Espanha, pode?”, me perguntou uma amiga brazilêra querida ontem.

Nananinaaam. Até segunda ordem, só entram na Espanha os brasileiros que possuam residência ou passaporte espanhol.

E mesmo estes deverão apresentar um dos seguintes documentos: certificado de vacinação completo, teste negativo de Covid realizado até 48 horas antes da chegada na Espanha ou prova de que passou por Covid e se recuperou.

Bom, até aqui vai o Momento Serviço dessa coluna. Agora vou soltar o meu deixadeixadeeeeixaeudizeroquepensodessavidaprecisodemaisdesabafar (copyright de Claudia, Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza) do meu bunker d’além mar.

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Levamos uma semana sem a obrigatoriedade da máscara nas ruas na Espanha. Depois de um (longo as hell) ano com caras escondidas, liberdade. Emoción.

No último sábado (26), primeiro dia da liberdade mascarística, saí de casa comovida, hesitante, vulnerável. Cêis me entendem.

Como há muito não fazia, examinei meu rosto nu no espelho do elevador (por falar nisso: tristes, essas luzes implacáveis de cirurgia de elevador, a gente sai de casa querendo se sentir bafo e topa consigo em versão rã dissecada –mudaí, Schindler, pelo bem da nossa autoestima).

E pensei dois pensamentos:

Envelheci muito este último ano, e só não havia notado tanto porque frequentemente uma máscara tapava o inexorável.

E essa máscara fppp2p32 X 1 ano me deixou de legado umas p*** marcas nas minhas bochechas, que já não são pequenas.

Saindo pra rua depois desse breve solilóquio de elevador (e me sentindo agora não só vulnerável, mas meio deprê, pensando em botox e outros paranauês), caminhei com medinho. Sem exagero. Sorvendo o ar fresco da manhã de sol numa vibe meio esquisita, vagamente criminosa.

Até que, movida por uma ansiedade incontrolável, não aguentei, gente: com o corazón aos pulos, me sentindo bem loka, arranquei a máscara azul do bolso e levei-a ao rosto, como se fosse o oxigênio do Dennis Hopper em Veludo Azul. Respirei aliviada o bafo quentinho protetor daquele material cirúrgico sobre a minha boca. Quem diria.

Mais calma, me dei conta de um curioso, hmm, comportamento de rebanho ao meu redor: ao contrário do que eu imaginava, e pelo menos aqui em Barcelona, muita gente optou por seguir usando a máscara na rua nesses primeiros dias, sobretudo idosos –justamente a população que está praticamente l00% imunizada.

Suponho que muitos optam (optamos, porque eu venho fazendo o mesmo) por andar na rua com a máscara a postos naquela já clássica posição slack preferida — debaixo do queixo. Caminhamos algo mais livres, mas preparados para o momento de nos meter em bares, supermercados ou transporte público, onde ainda é obrigatório usar a dita.

Ou será que o puro fenômeno Apego à Máscara (ou Fobia do Ar Livre, ainda não encontrei uma expressão adequada –alguém aí tem uma ideia?) não é só comigo?

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Com o vai-não-vai na redução de casos na Europa, o verão chegou no último dia 21 de junho –mas sem a usual massa de turistas estrangeiros loucos pra currrrrtir Barcelowna.

Isso, combinado com o fato de que o barcelonês costuma se mandar da cidade em julho e agosto por causa das férias, gerou uma cidade turística fantasma, pela qual venho passeando esses dias entre assombrada, refestelada e — again –algo deprê.

É, deprê. Acabou A Grande Ameaça, so they say, mas restam agora vários pequenos pipocos no aire. A crise. As portas fechadas para-siempre de muitos negócios.

E uma sensação (completamente pessoal) que não me deixa nos últimos dias: de que Barcelona, a cidade Condal, estrela-mor do segundo país mais visitado do mundo, perdeu no último ano um pouco de seu glamour, seu verniz de destino fantasia, onde as gentes vêm pra comer paella, tirar uns selfies emoldurados pelo entardecer flamingo do Mediterrâneo ou conseguir boffs em apepês.

Algo semelhante a quando acendem a luz depois da balada e você se depara com a sujeira da pista de dança, os bêbados e tua cara no espelho do bar, maquiagem toda borrada, as rugas gritando sob o chiaroscuro cruel das lâmpadas LED. É, filha. O tempo passa, as rugas se somam, a vida segue. Vida real, parte da vida, o que de verdade importe.

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