Com o fim do estado de emergência espanhol, aumenta contágio entre jovens

O aumento de interações sociais após o fim do estado de emergência espanhol, suspendido no último dia 9 de maio, pode estar freando a melhora dos índices relacionados à pandemia no país.

Em Barcelona, por exemplo, nas últimas duas semanas vem se observando um leve aumento de contágios sobretudo entre a população na faixa dos 15 a 29 anos.

Os jovens atualmente lideram o ranking local de incidência acumulada, com 153,7 casos por 100 mil habitantes.

Em seguida vêm os de 30 a 49 anos, com 134 casos por 100 mil.

A última média nacional divulgada nesta quinta (27) é de 125 casos por 100 mil habitantes.

Os únicos que se salvam (literalmente) nessa história são os maiores de 80, já completamente vacinados: 30 casos por 100 mil habitantes.

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Não me admira essa tendência de aumento de casos entre os jovens, considerando os numerosos “botellones” ou festas de rua dos últimos dias em Barcelona.

Pra completar o bololô molotoviano, vivo em uma cidade-alvo de turistas e intercâmbios como o programa Erasmus, que a cada ano traz uma média de 50 mil estudantes europeus para estudar ou realizar estágios supervisionados na Espanha. Essa quantidade é superior à que recebe qualquer outro país da comunidade europeia.

Por aqui, circulam cada vez mais imagens mostrando xovens sem máscara e muy borrachos (bêbados) forrando praias, parques e ruas como se celebrassem a libertação do apocalipse. Perturbador, se a gente contrastar com a vida pandêmica relativamente espartana de até pouquíssimas semanas atrás.

Mais contágio entre jovens em geral não se traduz em aumento no número de hospitalizações. O problema, dizem os epidemiologistas, é que a rápida taxa de alastramento do vírus entre essa população pode favorecer o fortalecimento de novas variantes, por exemplo. Além disso, o sistema de saúde sofre tendo que atender os pamonha inconsequentes (perdonad mi French).

Em um vídeo gravado por um canal de TV espanhol nas ruas do bairro do Born, no centro histórico de Barcelona, policiais passeando por uma multidão alegre avisam aqui e ali que “é proibido consumir álcool na via pública” e que é necessário botar a máscara. A vibe é de nem-tchum. Mais de 3.500 pessoas foram enxotadas do centro naquela noite. Uma entrevistada argumenta: se as pessoas se reúnem no metrô, então na rua também pode, né?

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